quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



Convite


Os amigos tiveram que se ir

E eu fiquei à conversa

Com o que restava da cerveja,

Só, sentado num canto.


Olá, que tal, que fazes,

Bebo a minha cerveja,

Queres vir até minha casa

Com a minha amiga,

Porque não, quando for

Para ir venham ter comigo.

OK.


Ela ruiva, uns vinte e cinco anos,

Melhor que uma cerveja no deserto,

Vestida de polícia, dos filmes porno

E a amiga loira enfermeira

Das que nunca vi em nenhum hospital

Com doentes reais.

Uma festa.


Acabei a cerveja, levantei-me

E dirigi-me à saída

Como um sonâmbulo,

Invisível, quase de olhos fechados.

Há noites em que me sinto

Com cem anos

E a vontade é só de sossego.



15.12.2010


Torre de Dona Chama


João Bosco da Silva



Degelo


Não me pediste nada e eu

Deixei tudo, entreguei

O meu futuro visível

Até me fazeres

Desaparecer.

Devias saber que,

Enquanto o meu corpo

Sentir o frio

Da manhã branca,

Ainda há tempo

Para renascer na

Primavera.

O verde regressará e tu

Irás com a neve

Para longe das memórias

Felizes.



Ville Sillanpää