terça-feira, 29 de março de 2011



Justificação do Negro


para o meu avô, que não está em lugar nenhum


A vinha não matou o teu avô, foi ele que a bebeu,

Anos após anos, magro, cinzento, cada vez mais,

Com a casa cheia de dinamite, ele próprio instável

Com o seu delirium tremens já quando amarelo,

Quase verde, sem esperança, terminal nas últimas visitas

A casa, com a sua colher de sopa quase impossível,

Tornando-o numa cena triste e ridícula, levando

O apetite de todos com o tremor, último almoço,

Com um sabor quase biliar, empurrando com água

A amargura de cada segundo, último, doloroso.

Onde estarão as presas do javali que te obrigou

A claudicar pela vida fora, quer sóbrio (raro),

Quer no teu estado normal de humor despreocupado?

Os teus cães, teus amigos mais sinceros,

Foram abatidos pouco depois de seres enterrado

E os teus netos comem cerejas enquanto,

Tu esperas a eternidade dentro de um caixão barato

Na igreja da aldeia que te viu nascer.

O teu amigo de Guimarães nunca mais voltou

À tua terra e nunca houve tantos coelhos

Como agora, nem tantos peixes, nem tanto vazio

Na lareira fria, solitária, sem o teu eterno banco

Ao lado, afinal nada eterno e queimado,

Cinzas, pó, como os teus cães.

Nunca mais verás o último primeiro beijo

Do teu neto de cinco anos, atrás do tanque da vizinha

Com aquela menina loira e nunca mais te

Sentirás orgulhoso da casa cheia nas noites de Verão

Depois da tarde passada no rio da aldeia,

Quando tudo fazia sentido, no tempo em que

Nada se questionava e tudo parecia certo

Como as uvas todos os meses de Setembro.

Não, não foi a vinha, nem o futuro da tua

Casa quase vazia em Novembros roubados

Às probabilidades geladas da manhã arrependida,

Nem Agostos que viram morrer inocências

No quarto onde os teus filhos nasceram,

Não foi o vinho que te fez tu, nem o pouco que tinhas

E te fazia tão grande, com amigos além fronteira,

Trazidos do tempo do contrabando de meias e pouco mais

(Os filhos precisavam de leite além das sopas de cavalo cansado),

Não se sabe bem o que foi, além da cirrose alcoólica

E dos ponteiros do relógio barulhento que ninguém ouve.

Não chegaste a encontrar o sapato que perdeste

Naquela festa de Verão que acabou

Por causa da chuva e dos trovões, porque estavas bêbado,

Mas sei que não será necessário,

A terra comeu-te a necessidade de calçado.



29.03.2011



Turku



João Bosco da Silva



Exportação de Carne


Laranjas do Egipto, laranjas espanholas, limões, tomates, maçãs,

Sei que ao lado, que eu ao lado, longe das maçãs polacas,

Dos melões brasileiros, das peras chinesas, não sei quê húngaro

E tomates finlandeses ao dobro do preço dos espanhóis

Que toda a gente prefere e a maioria compra, porque têm mais sabor

E são produto nacional ao lado de espigas de milho francesas

E eu a duvidar da minha existência, da minha utilidade banana,

Bananas chilenas, tão duras e verdes, ao lado de uvas injectadas

Com água vindas dos Estados Unidos, maçãs de Itália, vermelhas, verdes, amarelas

E tudo me parece tão familiar e tão estrangeiro.

Com sorte, na secção das conservas ouço sardinhas enlatadas

Que parecem estar a falar em português:

Produced in Portugal for John West Foods, England.



Turku



28.03.2011



João Bosco da Silva



sábado, 26 de março de 2011



Damn panda or worst


No, I don´t feel

Alone

And I never did.

When I´m alone

Or even when

I just feel

Like I´m surrounded

By a strange emptiness

Of beings

I just feel

Near extinction.

I feel loneliness

In a different way

And it is the same

At night inside a empty

Room,

At noon in a crowded

Bar,

In the morning

With two more feet

Down on the bed,

Always the same feeling,

As I´m the last specimen

Of a useless weak specie,

Born not to last

But to be at least, lost.



B.



Movie scene


Do you know

That movie scene,

When a guy is going

Far away

From the one he loves

But that person comes

To the airport

And makes him stay,

Or otherwise?


I believe in love

As much as I believe

In that crap.


I´ve been so many times

Alone

In so many airports

And never,

Never

Someone showed up,

Even when I thought

I was loved.


Do you know

That movie scene,

When a guy

Meets some random

Girl in a bar,

Fucks her in the bathroom

And in the end

He doesn´t even

Know her name

Or the other way around?


Well, it´s as real as

A real orgasm.


I never expected it,

But expectations

Always made me feel

Like a fool.


Love is just a fool

Expectation

And you´ll never find it

In a public bathroom.

You can´t love without

A name,

But a name can fuck you

When you wait

For someone

To save you

From distance.



B.




Ejaculação Na Areia Entre Pernas



“As praias são todas iguais umas às outras.”


Vasco Gamito


Encontra-te naquela praia que nunca conheceste, com gente

Como aquela da televisão, mas mais presente, mais carne,

Cheiro, movimento sentido e não basta um dedo para o silêncio.

Senta-te na areia quente, não te esqueças da roupa, se o corpo suado,

Tem cuidado entre pernas, não vás meter-lhe dentro mais pensamentos

Antes de virem madrugadores, banhistas com as suas toalhas

Sobre os restos do teu amor que não durou até ao amanhecer azul.

Partilha quem dizes ser teu, oferece-lhe a carne húmida

Ao primeiro urso que arriscar a barba no sol de uma ilha pornográfica.

Deixa-te ficar que o tempo tem muito tempo para todos os grãos,

Para todos os pecados e aqueles que não pecam, abençoados

Pela descrença e pela complexidade dolorosa de um corpo ateu

E aberto a todas as possibilidades de justificação de uma vida para nada.



26.03.2011



Turku



João Bosco da Silva

sexta-feira, 25 de março de 2011



Holy whores


Sometimes I ask

Myself:

Why the hell I never

Fucked a whore?

It wasn´t lack

Of money,

Or empty balls,

Or living far from them,

Or moral,

Or shit.

So what was it?

I fucked all

This free women,

Clean or something

Like that,

With boyfriends

Who were crazy about them,

With husbands

Sleeping in couches,

Planned marriages

In three months,

Eighteen years old bright

Single children

Of their proud dumb parents,

And all sucked me,

They swallowed

My future children,

They made me be shit backwards…

But I never

Ever in my life

Fucked a whore

Or paid for sex.

Holy whores,

I´m too dirty for their misery.



B.

quarta-feira, 23 de março de 2011



Três Mulheres À Espera No Hipocampo



“there is always a women


to save you from another”


Charles Bukowski


Sentada à espera, de pé com calças brancas à espera, outra à espera,

Com menos carne, mais anos, ruiva, em chamas, com fome,

Tão longe da possibilidade na impossibilidade do espaço que se pisou,

Infinitos autocarros, intermináveis comboios que nunca chegaram

E o mundo todo à espera de quem nunca chegará, vive longe

Do tempo quente do sol agradável da primavera, em frente ao hospital,

Dentro de osso e trancado com cabelos brancos debaixo de muito lixo.

No fim, só tudo o resto é que mudou de lugar e estranha-se

O mundo todo como se fosse sempre uma primeira vez

Ou a última há dois ou três tempos atrás, enquanto as vidas passam

E ninguém espera, ninguém pode esperar, fora da vida das vidas.

Sentada à espera bebendo o sol contra a estação de comboios,

A pensar em rios, beijos e muitos dedos, deitada no verde de alguém,

A ver a gente que passa e se apressa para táxis, metros, autocarros,

O comboio regressa à cidade onde submissa e doce nas camas todas da casa,

Não enquanto o sol e o rio forem dia, não enquanto espera na eternidade

De um momento nunca desfeito, apesar de faltar tudo menos a recordação.

De pé com calças brancas, espera, farta de desejos naquele corpo recheado

De vontades desconhecidas, com medo de oralidade sem palavras,

À espera de se apaixonar de novo por mais uma desilusão adiada,

Avisada, divorciada, continuando à espera, ansiosa pelas inúmeras

Ejaculações que secarão antes de chegar a casa dos seus pais.

Outra, mais anos, há anos atrás, regressando sempre, nunca a mesma,

À espera a primeira, como a primeira vez, vontade de anos,

Sonho morto com os olhos flamejantes e apartamentos desconhecidos,

Irá amar e odiar o entardecer suado e quente de quartos escuros

Com cheiro a vinho azedo, a fumo entranhado em cortinas ridículas,

Saliva e esperma que se engolirá quando o coração já não sentir nada

A não ser a noite lá fora, fria, cheia de solidão e de verdade.

Partirão no último comboio, no último autocarro, no último momento

E não sei o que levaram dentro, se a saudade for uma dor possível no futuro

Que ninguém adivinha, levam a semente da melancolia

E algum sal para as lágrimas que se negarão à luz do dia.

Três mulheres e mãos vazias, sempre, à espera no passado

Assassinado a golpes de carne, passos em direcção ao erro e ao teve que ser,

Até ao fim do tempo da memória persistente, que torna a procura do vazio

Numa quase história de amor entre dois meses e quatro pessoas

Que só se encontram em sonhos ou em poemas desnecessários,

Enquanto se espera a liberdade do esquecimento, da leveza pesada

Com o suave toque da imortalidade cavalgando o hipocampo.



Turku



23.03.2011



João Bosco da Silva

terça-feira, 22 de março de 2011



O Efeito de Pigmaleão ou O Inferno É Um Lugar Simpático



“(I´m fucking the grave, I Thought, I´m

bringing the dead back to life, marvelous

so marvelous

like eating cold olives at 3a.m.

with half the town on fire)

I came.”

Charles Bukowski


Santos de madeira são os únicos possíveis às dez e meia da manhã,

Dentro ou fora das paredes grossas dos séculos da hipocrisia,

Do cheiro a couves cozidas e cães sarnentos, cera de velas, água parada,

Corpos lavados sujos, sujidade escondida com as suas roupas de domingo

Enquanto o amante secreto de Lúcifer canta salmos e aleluia

Pensando quem será a próxima mulher esquecida debaixo do paramento

E o mundo tanto tempo à volta de palavras, de sonhos mortos de mortos.

Ovelhas, sim ovelhas, mansas, prontas para a faca, a tosquia,

Mee-mee, lá até ao fundo onde pouco próprio existe,

Lá no fundo com o sabor do pão rançoso, do leite do pecado

Que a hora do almoço ainda tarda e hoje o almoço será

Com o amigo no restaurante, o grande amigo da mulher, da filha,

Em nome do pai e por aí fora, dar sentido à absolvição dos pecados.

Trindades santas em sofás do domingo à noite, convencidos

Da invencibilidade dos telhados de vidro, arrastando uma felicidade

Frágil e fingida, gatos menos que gatos enroscados uns nos outros

Com o latejar de barbas de chibo ainda na memória recente,

Com a dor de ilusões perdidas ainda a escorrer de dentro, viscosa realidade

E nada é o sonho que querem fazer parecer que é,

Tudo purificado com incensos e sangue selvagem, justificado com tradição

E outras cabeçadas na parede, outra volta à nora, de olhos fechados,

Enquanto o resto do mundo se ri da reserva natural e admira

Convencido de que aquilo é pureza, originalidade… fachada,

Suicídios lentos, mulheres espancadas, gritos de madrugada,

Lágrimas inúteis, cornos e mais cornos porque se julga

Que alguém é de alguém e afinal ouro é um metal às vezes no dedo,

Mais vezes na esperança de algo melhor só porque não se tem, nem se conhece.

Doces domingos alargados depois de noites que aqueceram

Com fúria e desespero por rasgar todas as máscaras a que nos obrigam,

Com uma vontade de nudez maior que a inutilidade de uma dignidade,

Desejo de uma sinceridade infantil, sem morais não praticadas

Entre tanto moralista não praticante, olhos sempre para fora,

Todos os espelhos partidos nas casas de lareiras apagadas,

Nas casas vazias com cheiro a tinta verde diluída até ao amarelo biliar.

Todos sabem o que se espera de filhos da puta e todos esperam o mesmo,

O preço é uma questão que mais tarde ou mais cedo se acerta,

Seja entre oliveiras inocentes, montes, metal, chamas inconvenientes,

Amizades pouco certas, neste mundo de filhos da puta de domingo.

Ressacas são mosteiros, retiros espirituais até a fome não se aguentar,

Olhos fechados de pernas que tentam continuar mesmo quando ninguém

Vale a pena, mesmo que a pena seja o que se procura na graça,

Estiletes dourados, imortalidade na automutilação de um momento

Que perdura pela vida até que a carne não levante o apetite nem aos cães,

Ninguém é uma estátua, mas muitos se julgam santos

Domingo às dez e meia da manhã, enquanto o diabo dorme. Shiu.



Turku



22.03.2011



João Bosco da Silva

segunda-feira, 21 de março de 2011



Good old times


Young whores walking

Up and down

Side by side,

Madmen talking alone,

Businessmen like madmen,

Students and other

Unemployed people

(They will get there),

Old slow forgotten people,

Bums, policemen,

Diseased, sick,

Drunk, dumb, numb,

Alone, lost,

Going, coming,

Cumed, dirty, empty,

Tired, fired,

Disappointed and

Delusion on the

Sidewalk

Across the street,

Through my small

Room window

In this old

Decadent “big” city

Called Oporto.



B.



Christmas Eve


I came from work

I cooked the codfish

Two different ways,

I had refused two

Invitations

For that night

(I´m too dangerous

When I feel

Lonely)

And I was all by myself.


I ate the codfish,

I drunk wine,

A bottle

Of champagne

With chocolates,

While I listened

Christmas songs.

At 9 p.m.

I was drunk,

Numbed and strangely

Not sad,

Even thou it was

Christmas Eve

And I was about

5000 km from my family,

All alone.

I felt somehow

Light and far.


Next day I had

To wake up at 4 a.m.

Because I was needed

At work earlier:

It was Christmas.



At least, something

Was new

In that same old night.



B.

domingo, 20 de março de 2011



Sábado à Noite


Depois de quatro já se pode mergulhar nos corpos confusos da noite,

Já se podem plantar sorrisos, colher um próprio se a vida o permitir

Nascer com sinceridade, tentar lembrar o nome de quem se senta ao lado

No comboio pela escuridão fora, em direcção à definitiva,

Ver árvores embriagadas, escondidas de desconhecidas dores solitárias,

Desejar mais tempo até recomeçar num mundo novo, noutra manhã.

O sentido perde-se, o sentido que nunca existiu, ilusão de frágil linha

Presa à luz do dia e das responsabilidades que não se pediram,

Sempre em frente, acompanhados por quem estiver, livre dos que desejam

A morte dos outros dentro deles, leves como quem ama tudo, sem exclusividades,

Sem preferências já que a vida é tudo o que nos é possível sentir.

A fome tem tempo, a sede não pode esperar, as pernas um dia fecham-se,

Os olhos precisam de dedos para as pálpebras os empurrarem para a eternidade

E é tão mais fácil ter nada do que ter um pouco, tão mais fácil o infinito que algo,

Não depois das quatro pelas ruas de uma cidade possuída por pobres diabos,

Com uma dor no estômago parecida à solidão, um desejo que é mais forte

E o sono não parece chegar antes de se fazer alguém enrugar o queixo

E apertar os olhos com força com o lençol nos punhos fechados.

Os vampiros não deixam os esquecidos pela luz abandonados

Num sábado à noite e acolhem a fome com a sua sede, mãos frias,

A promessa de uma morte pequena, uma pausa na vida, um momento na eternidade.



20.03.2011



Turku



João Bosco da Silva

sábado, 19 de março de 2011



Neurofisiologia De Um Poema


“everyday is in eternity”

Allen Ginsberg


Deixar cair, gota a gota negra, a mancha tomará forma,

Alguém a irá ler da maneira que a irá ler, cada um com o seu egoísmo,

Cada um com a sua área de Wernicke a dar corpo visível de olhos fechados,

Pequenas luzes, “small-bangs” do nada que são as palavras,

Quentes e metálicas, solitárias, nunca compreendidas realmente

E por isso umas putas, miserável cão vadio, lixo, lábios rasgados

Num apressado roubo para o vazio de menos um segundo que não se levará.

Deixar cair, deixar correr, sem medo, sem grandes dedos apertados,

Sem grandes olhos no horizonte, tão longe quanto impossível,

Corvos que entram pelas janelas fechadas e se fazem coloridos,

Pintam, água fresca na pele ondulada debaixo da dura mater,

Como se fosse possível tocar-se alguém de verdade,

Como se tudo não passasse de uma masturbação assistida,

Ao lado, enquanto os olhos se fecham e nem se vê o som da boca

Que auxilia, tudo parte de dentro para dentro e há quem diga,

Sou um pedaço de merda, mas eu quero três mais três mais três,

E isto faz sentido num mundo que ninguém saberá ler,

Não como os que iludem com a aparente semelhança, linguagem universal,

Só aquela que ensinam os sonhos, vestido azul-turquesa e o cabelo loiro

Da pele artificialmente morena pelo Sol deslocado da Tailândia,

Com fome límbica e um salto para outro estado de consciência

Quando o cabelo ruivo incomoda na almofada,

Alguém puxa o autoclismo e esquecem-se os desejos do momento.

Deixar cair, oxitocina e nada mais que um excesso dela ou sensibilidade

E no fundo tudo o que se quer evitar é o que mais atrai, cérebros primitivos

Engolem tudo numa simplicidade objectiva, estar dentro, ser penetrada,

Expelir, comer, dormir, palavras e mais palavras e quem quiser,

Quem conseguir, quem acreditar que as torne em deus, amor e espírito,

Verdade de sumo quente a explodir dentro como se fosse uma vida nova,

Uma estrela que morre, um buraco negro que atalha até ao outro lado,

Enquanto tudo um instrumento musical num quarto vazio, onde dizem

Que dorme deus ou uma consciência de arquitecto, como se tudo

Não fosse apenas um acaso possível dentro do infinito de possibilidades

Até se deixar de ver a linha como um ponto um ponto um ponto,

Deixar correr, livremente, sangue de outra cor, a cor que se quiser,

Quem quiser querer seja o que for, até chegar a hora que é sempre a mesma

E só a consciência do relógio viscoso torna o tempo possível

Em direcção, em direcção e isso é tudo.



19.03.2011



Turku



João Bosco da Silva



American woman


I knew she wanted me

To hurt her old buddy,

They always want

Me for another reason

Than myself,

But I don´t care,

As long as I do them.


He had this party

At his flat

And it went out

Of vodka,

She wanted it

And we were already

Wasted with

Laughs, alcohol,

Kisses from random people,

Excited,

She was really horny,

I could tell by her

Huge pupils in

Those purple blue

Eyes.


I said I had vodka

At my flat,

So we went there

For it.

No vodka,

I forgot I had drunk it

Some other night,

With some other girl,

I had only port wine.

She tried it,

First time

And she liked it

(It doesn´t happen

All the first times).

Soon the bottle

Was empty

And the kitchen

Was warm,

Then

We started kissing

With fury, almost biting,

Fleshy hot lips,

Nham nham.

You´re a whore,

She told me

And grabbed me

Like a horny cat,

I pushed her

With my body

Against he wall:

Sparks from

Her face

Around the kitchen floor,

Big tits, huge beautiful

Tits on my mouth,

Hands full of her juice

That I had to taste,

Bold like baby´s skin…

Jesus,

It was my first American!


It was her goodbye party.

Next day

She was gone,

I would never see her

And I´ll never forget her,

Even that I was

Just a whore for her.



B.