segunda-feira, 12 de setembro de 2011


Prostituta Frígida ou Poema De Sem Amor


“One day I will find the right words, and they will be simple.”

Jack Kerouac



Não tenho muitas mais palavras, só o cheiro do fumo dentro de um livro que foi meu,

O meu nome quase sismo no teu coração assustado, dois ou três cabelos brancos

Fechados num envelope de uma carta imaginária que ficou por enviar no desejo

De um último beijo e também isso tenho, o desejo desactualizado de um último beijo,

Não tenho mais palavras, só o bolso cheio de chaves para portas perdidas

Um bolso enorme com buracos que se prolongam numa eternidade de almofada

Onde se perdem as noites que me emprestaste e que ainda não devolvi,

Tenho-as tratado bem com cerveja e carne fresca, gritos doces e jardins verdes,

Não tenho palavras, só os dedos ainda cansados de te procurar dentro de outras almas,

Em corpos de papel, em vozes alheias e amores perdidos de desconhecidos e fingidos.

Não me esqueci das palavras que usei, simplesmente já as usei e também elas têm

Apenas uma vida, as que não são pedras, porque pedradas dão-se muitas

Ao longo de uma vida às mesmas pecadoras, algumas palavras é que não,

Porque se transformam de forma irreversível, como a vida em morte.



12.09.2011



Turku



João Bosco da Silva