sexta-feira, 16 de setembro de 2011


Exaustão



Dava todos os anos de todas as palavras, cuspia todos os beijos sarnentos, esquecia todos

Os desejos e todos os olhares excitados das noites perdidas em curvas de estrada,

Dava todas as garrafas e copos vazios da solidão, as da cegueira alegre, dava toda a carne

Que me foi emprestada à volta, abandonava todas as multidões de vazios por um pedaço

De rio à sombra de um salgueiro, o silêncio de um canivete e um pedaço de madeira,

Neste momento nauseabundo e cinzento, onde a chuva torna as paredes mais próximas

E cinza é o ar que se respira engolindo gritos pelo desespero de um momento de verdadeira solidão.

Da noite não desejo mais nada que o abraço quente de umas mantas, a segurança das

Portas trancadas e sonhos em lameiros na companhia do olhar inócuo das vacas

Numa manhã verde no início do verão de anos perdidos na fome dos cães com cio.



15.09.2011



Turku



João Bosco da Silva