domingo, 23 de outubro de 2011


A Origem De Uma Estrela De Neutrões



Torna-se difícil respirar quando tanta ausência ao mesmo tempo aperta o que já cansaço,

Pior quando se assiste aos joelhos da multidão em vénias ao ridículo, exaltando o fútil,

Vontade de ser almofada o dia fora, até se escoarem todas as frustrações em sonhos

Que o resto, quando acordados, são impossíveis e cães abandonados porque cresceram,

Envelheceram e dá pena abatê-los, a dignidade é algo que fica muito caro neste mundo.

São as sete, está escuro e não interessa, são as sete, o rádio parece ter-se resignado

Ao resto dos joelhos e torna-se em mão no ombro a, ajoelha-te, cabeça baixa,

Há quem durma e há quem não acorde nunca mais, invejam-se os que não tiveram

Que ser a ilusão de tudo em menos de uma centena de anos, bem menos,

Menos que tudo, umas mãos com vontade de levar tudo, deve ser do vazio no infinito

E passa-se lá tanto tempo, mas ninguém passa lá tempo nenhum, ninguém é além

Do momento consciente, nada mais que a pele que outro pouco mais que nada beija,

Dão-se existência em carne, o sangue pulsante crepita na memória acesa enquanto

Não vier o sono sem sonhos e até lá todo o tempo nos é permitido, arrastados

Alguns levam o cansaço, o fumo ajuda os pulmões que os olhos cegaram, outros

São tão joelhos, tão bocas de fome e barrigas cheias, uma pressa de estrela cadente.



23.10.2011



Turku



João Bosco da Silva