sexta-feira, 4 de novembro de 2011


Saber Esperar Pelo Vazio



Espera, espera que o momento me faça outro, depois entra sem dizeres uma palavra,

Toca-me sem a autorização dos olhos e obriga-me a perder-me na escuridão das tuas dúvidas.

Nunca persigas um sonho, espera que lave a cara de manhã, deixa-me beber um café

Bem forte e esquecer o tédio das inspirações, sopros ridículos na vela da vida.

Não me ames, prefiro o teu silêncio, a tua carne a fazer-me sofrer, poupa-me também

Ao teu silêncio de certezas impossíveis, não sejas mais uma, faz de ti a última,

Não te canses de mim, o meu cansaço já é difícil de suportar, deixa cair os momentos

Que não te plantam sorrisos na solidão, espera, ainda não, deixa a porta ocultar

Mais um momento de ilusão, não te preocupes, os lábios não secam e as mãos estarão

Sempre prontas para o teu corpo, para mais umas palavras que tentam ser

O cheiro da chuva, o fumo de uma lareira, o teu perfume na minha pele quando regresso

À solidão, umas palavras que tentam ser aquela sensação no peito, que quase esqueci,

Antes dos primeiros beijos. Hoje procuro-te dentro, mas só encontro os murmúrios da tua

Excitação nas letras que tentam o ritmo das noites apressadas, na companhia de uma

Possibilidade que nunca chegou de verdade, ficou a ser estrelas e geada e olhos que deixam

De se procurar, muros de granito por mãos que hoje são o que fomos nós, vazio.



04.11.2011



Turku



João Bosco da Silva