quinta-feira, 10 de novembro de 2011


Todas Aquelas Noites



Todas aquelas noites, roubadas ao Inverno sombrio, trazidas na impossibilidade

De um bolso de recordações, para despejar em lareiras anónimas, e quase

Os teus olhos, quando os meus fechados e o oscilar das chamas, Verão dentro,

Em curvas isoladas de estradas desertas, com a tua mãe a acreditar que café,

Mas só natas, vamos ser sinceros, que só natas e promessas oferecidas

Sem terem sido esperadas, enquanto as luzes passam sem existirem, afogados

Ambos na escuridão eufórica dos corpos quentes, até que o tempo te diluiu

Naquela menina, lembras-te, aquela que foi antes de tu seres e que se deixou ficar

Para tu continuares, algures em ti vi uma ruína dessa inocência, mas segredavas

À almofada suada, que gostas que te fodam assim, cara contra a parede,

Num abraço anónimo, uma confusão de carne e lençóis num quarto pequeno,

De uma cidade temperada com peste miséria fome rios turvos e pontes desmaiadas,

Uma tontura em forma de orgasmo enquanto me obrigavas a manter os olhos

Castanhos, procurando não sei que verdade, entre os teus dentes cerrados

Por convulsões e não me peças outra verdade além do orgasmo, fui sincero

E nunca olhei para trás depois de teres fechado a porta, aqueci o silêncio

E comi a solidão reconfortante do corpo que arrefece de outro corpo.



10.11.2011



Turku



João Bosco da Silva