terça-feira, 10 de abril de 2012



(Des)convencimento Dos Deuses Menores



Vive-se tudo para se perder tudo, aceita-se sempre com uma ilusão de eternidade

O que o nada nos empresta e depois, desamores, ódios só por mãos mal

Habituadas ao corpo de alguém que nunca mais, distâncias mais fortes que a vontade de

Um abraço, olhares que escondem nada mais que uma curiosidade, seja ela qual for,

Todas as cervejas que adiam mais uma ressaca, mais um dia perdido como todos os outros,

Por isso, ao menos passar por ele como quem perde, sem querer saber, porque mesmo

Querendo saber, se perde, deixa portanto chover, lava-te do que te tornaste e não és tu,

Sorri aos para sempre como quem finge acreditar, sem se esforçar e continua

A caminhada sem sentido e sem deus, perdido de tudo menos de ti, condenado à tua

Companhia, mesmo quando é a companhia dos outros que te empurra para o suicídio

Quando o vazio que eles fizeram questão de escavar com as suas promessas

De momento, continua a esculpir a tua forma num pedaço de madeira, enquanto

A vida arrefece, e prepara-te para um brilho mais pálido que o das estrelas,

Também elas vivem para darem tudo ao que vier e o que vier será sempre algo que não tu.



10.04.2012



Turku



João Bosco da Silva