sábado, 22 de setembro de 2012

A Consequência Dos Sonhos À David Cronenberg

Tanta gente desesperada por amor e a mim neste momento só me apetece é fodê-los,
Não vejo mais nada na forma como seguram a garrafa de água entre as pernas, mais nada
A não ser uma enorme falta de amor, os lábios rodeiam o gargalo da garrafa com uma carência
Que deixa correr uma linha de piedade pela comissura labial até ao pescoço, labial, que
Palavra tão cheia de provocações, esta vontade diz-me o consciente, é consequência
Dos sonhos à David Cronenberg, passar a noite a tentar roubar um banco de recordações,
Tentando descodificar códigos que mais parecia jogar Space Invader, suar conspiração
Por todos os lados, mesmo à frente do proprietário chinês, até nos sonhos me apetece
Fodê-los, o mais profundamente possível, ir ao fundo dos seus segredos mais íntimos
E ejacular-lhes humilhação e poder, senhor Peter, se usar o triângulo cinzento é mais rápido,
Mas o meu nome acordado nem é esse, nem eu acordado numa Chinatown qualquer,
Será que a minha cara a mesma, não é que seja grande coisa, mas é-me, a primeira pergunta
Depois de tudo de pernas para o ar, tenho alguma coisa na cara, porque sem cara ninguém
Amor, e a fome tanta, sente-se o vazio na forma como lambem o lábio superior e depois
Mordem o inferior, enquanto trocam olhares entre o centro da testa e os lábios, ou será o
Philtrum que olham, só me apetece foder aquele cabelo que tanto enrolam entre os dedos,
Dilatar aquelas pupilas que gastam o ar à volta, atravessam muros de indiferença, retraem
Prepúcios, como quem lubrifica a retina com um pestanejar inconsciente, inocente já duvido,
Mas não me pergunto nada, hoje sou rei dos sonhos e mesmo a sua incerteza é para mim certa,
Como a vontade de foder como quem abraça, a carência que torna este mundo tão triste ao acordar.

22.09.2012

Turku

João Bosco da Silva