quarta-feira, 29 de maio de 2013


Pão Fresco

para a Diana,

Ela traz-me pão fresco da padaria do lado, o cheiro da manhã no cabelo e a frescura
Do orvalho de Junho preso aos lábios, ninguém me consegue matar a fome como ela faz
E basta-me um sorriso, a mais nutritiva de todas as luzes e que me desculpem as estrelas,
A semear esperanças no vazio, mas ela atravessa o chumbo que me tranca o coração
E o protege de todas as radiações amarelas e amizades de baixa frequência,
Tinha-se colado a agulha do contador Geiger, até que o Sol decidiu ser carne e doçura,
Do tamanho de um abraço, tão quente que me faz querer voltar a ser dentro, dela,
Pequenino, envolvido por uma luz líquida e murmúrios que ridicularizam a espuma das ondas
Do mar, que se afasta, se torna distância, ausência, quando as portas se fecham
E fica apenas o cheiro a pão fresco da padaria do lado, o cheiro da manhã uma recordação
Na almofada e o orvalho de Junho a secar no inferno árido que é a minha pele, quando o Sol
Se põe, e a saudade aparece de imediato, arrastando com ela correntes de incerteza e medo.

29.05.2013

Coimbra

João Bosco da Silva

terça-feira, 28 de maio de 2013


Marco Quilométrico

Expõem orgulhosamente nas varandas a arte da sua limpeza, tudo tão amarelo como o branco
Possível, às páginas tantas, parece sentir-se o cheiro a algo real, mas numa inalação mais apurada,
Não passam de palavras secas ao sol, até as moscas zombam da consistência de tais emoções,
Sentam-se com o tamanho dos seus óculos a ser o currículo daquilo que não viram além de umas
Páginas áridas, medidas e desmedidas até à exaustão da alma, sentam-se sobre as sombras que nunca
Reconheceram, feitos de luz, dizem, nós, donos da quilometragem entediante, da hipnose
Para a foda de misericórdia, porque eu sou as palavras que crio dentro, eu por outro lado, por dentro
Crio merda, esperma e um golden shower vitaminado para quem quiser fortalecer os sentidos
Da pele, aborrecida de tanto esperma cáustico e gorduroso, nem uma cerveja sabem beber, tão
Concentrados nas suas queimaduras interiores, imagino as sanitas deles cheias de papéis amassados,
De saliva frustrada, empurrando clisteres e engolindo laxantes em busca de uma depuração, lixívia,
Para os versos que sinceramente, preferia com uma coloniazita, algo que me desse ao menos uma caganeira,
Não só nojo de sebo e sebentas, ursos pelados a tentar vender o seu salmão, só espinhas, porque
Nunca o engordaram, nunca o deixaram engordar, já que só as lentes comem e comem e engordam.

Coimbra

28.05.2013

João Bosco da Silva

segunda-feira, 27 de maio de 2013


Carne Em Promoção

Compra-me, diz um carro, o mesmo dizem uns saltos, toc toc, só em hotéis de luxo, bonecas
De porcelana recheadas com leite azedo e mutante, tudo cheira a interesse e cegueira, usados
Como novos, onde se terá que entregar a decência da indecência sincera, tudo trancado em
Aparências hipócritas, custa sorrir com os dentes todos sem um aparelho a medir caninos e
Aligeirar ângulos, número de contribuinte quer, com o hálito ainda a escorrer algarismos do
Cliente regular, é que não tenho necessidades, tenho exigências, criei classe na miséria,
Entretanto cresceram-me as carnes e posso alimentar-me de trufas e champanhe, que nem
Gosto, mas é caro, e pouco me custa submeter-me aos desejos do poder de papel, compra-me,
Uma indecência oferecer flores a monstros ilusionistas, espera a barba ao Sol por mais um
Pouco de poder para o esquecimento, a vida acordada é demasiado cara, mais vale parar, sair,
Dormir e ignorar quem caga de alto para os nossos ídolos e deuses de pobre, faz cara séria
Que as hortas à beira de estrada sempre vazias e do tamanho de mãos bem pagas com calos
E uma mesa com pouco mais de nada, compra-me e não me deixes passar perto da miséria visível,
Eu mijo-te em cima, mas pinta-me com uns sapatos novos, toc toc, veste-me com sonhos pequenos,
Sacos cheios de máscaras brilhantes, uma esperança para pôr ao peito, que outra nunca vi, bom preço, toc toc.

21.05.2013

Viseu

João Bosco da Silva

Quase Poema Sobre Poeta

Perguntam-me se conheço nome e eu respondo quem é, que não estou a ver, é um poeta de uma
Terra pequena que não assume como sua, premiado com um nome de uma escritora morta qualquer,
Isso dos prémios é uma questão de concorrer, e engulo que não participei naquele prémio, por exemplo,
É jovem, dizem-me, queixam-se que eu sou demasiado jovem, trabalha noutra coisa além de escrever,
Quem quer morrer de fome, admira-me que o tenham deixado entrar na sopa de letras, geralmente
Não aceitam omnívoros, entretanto lembro-me de um poema sobre gaivotas, areia, algo que me aborrece
Imenso, não me reconheço nos espelhos dele e com ar de ofendido, como se estivesse a ser ingrato
Ou presumido, despedem-se de mim com prontidão. Obrigado, mas sou um poeta que se alimenta
De abismos e os abismos são feitos de sombras, deixem-me habitar nas sombras e ignorar os que são alérgicos ao anonimato.


31.10.2013

Turku

João Bosco da Silva

quinta-feira, 23 de maio de 2013


Trepanação De Jerónimo Bosch

para Richard Marx

Um cavalo branco pasta num lameiro enquanto uma cidade adormecida arde sob uma Lua incerta,
Os porcos ressonam nas suas mansões de água e o povo grita com a boca cheia de cinzas e sede,
Arrotam os pançudos satisfeitos das conas vendidas das pobres que se querem habituar a luxos
Com os quais não cresceram, renascem, anéis em dedos ridículos a cada vez que a gaita lamacenta
Dos pançudos suínos lhe escorre da cona santa para quem é cego suficiente para as amar, o cavalo
Pasta e tudo ignora, a erva é fresca e verde, a cinza nem se sente a cair sobre o branco, as chamas
Só se alastram nas paredes sujas que encerram toda a merda humana no seu esplendor aflito para
Evitar um fim que é a única salvação, impossível, porque a água está cara para quem ainda quer
Conservar o que ainda não tem preço, mas vende-se, a honra, abençoa-me lâmina num hara kiri
Desmedido, abre-me todo o nojo para fora, uma boca suficientemente larga para vomitar toda a merda,
Tripas e tudo, ou isso, ou deixai-me pastar sossegado, que já anoitece e a noite promete ser clara.

Lisboa-Coimbra

20.05.2013

João Bosco da Silva

“Après Le Déluge”

“Depois, na grande mata violeta em botão, Eucáris disse-me que era Primavera”
Rimbaud

Ouve-se o rastejar de cobra por entre o silvado, sentado no muro, espero, uma mão nas costas,
Volto-me e é o sorriso de uma giesta em flor, então amigo, duas borboletas desaparecem
Num erotismo alado próprio das cores que lhes vestiram os genes pequenos, o sino da igreja
A dizer que foi deus que as vestiu, para sentir repugnância pelo amor plural, deve querer
O buraco do cu cheio de sacrifícios, fumos pestilentos, pão duro, órfãos e ovelhas cegas,
O Sol troça dele, inventou-se para explicar o rastejar das cobras num mundo de mãos
Que se agarram a tudo com medo à noite, o mundo consome-se em anos
E os segundos, silenciosos, roem o fervilhar das moscas à volta da sua própria merda,
A eternidade mora nos silêncios sentados, duros e de erosão lenta, onde se escreve
Do tamanho daquilo que se vê, num trono onde só os deuses reais se sentam imaginados.

23.05.2013

Torre de Dona Chama

João Bosco da Silva

O Último Em Børs

As estudantes passam com a sua admiração por vacas que já apodreceram há muito e eu,
A ficar mais loiro por dentro, escondido atrás dos óculos de sol e cara de vai-te foder, vou-te foder,
Dá cá mais cinco e eu sem dar nenhuma, és giro e obrigado, voltem sempre, fosse isso moeda
Da troca, não é Ginsberg, e tento regressar ao postal para o poeta e mais uma circunvoluções do médico
Com cheiro a guerra e ditadura, tenho um presidente que ainda mija na cama com medo a bruxas
E mesmo assim o Sol ainda me abençoa com uma luz de lés a lés, enquanto a minha pele
Ainda cheira ao sangue de quem mal consegui adiar um fim triste como todos os fins, a esplanada
Enche-se de cães e o Bukowski ignora os cagalhões no passeio onde outros cagalhões passam com uma
Bebedeira inútil, sem papel, caneta e dois dedos de inquietação, mais valia, mas realmente,
Não vale a pena, há Sol e amores que empalidecem os anos que os mataram em sofás solitários,
O amor aguenta o peso da leveza, mais que isso é arrastamento e cabelos brancos que se agarram
Aos dedos da mania, esquecem-se todos os pedaços de gente que passam sem nomes, apenas,
Que cu, grandes mamas a latejar, até mais um gole afogar tudo e envelhece-se mais numas horas
Do que o que se percebia nos anos primeiros, perde-se sempre que se ganha o que nunca é verdadeiramente
Nosso, mas mais nós, tirando-nos pedaços do original, que nunca foi, apenas menos gente, uma
Multidão suportável que nos viu mudar as fraldas e enjoar em viagens pequenas, o mundo acaba
Mais uma vez e tudo fica igual à estranheza de tudo.

Turku

16.05.2013

João Bosco da Silva

Magnólia

E sem querer, estava metido na pendente chuva de sapos, primeiro a banda sonora a entranhar-se
Nos meus dezasseis anos, não queria ser poeta, mas a falta de coragem nas mãos para a carne e na boca
Para as palavras, levaram-me a isto, escreve-me uma mensagem para lhe enviar e ainda hoje juntos,
Também eu ainda estou preso a isto, agora é mais limpeza, não tenta chegar a ninguém, apenas tenta
Sair de mim e aliviar um pouco o vazio com a ilusão de uma ausência, quando se cospem palavras em
Magnólias, deve esperar-se a explosão da Carmina Burana, estranho como me consideram uma pétala
Quando ignorava que nós flor, o que queria era apalpar o cu duro da colega e continuar inocente a ler
Nietzsche, a engolir Platão, a apaixonar-me por pequenos-almoços na América como se tivesse saudades
Do tempo em que não era nada, o tesão lá ia aliviando de olhos fechados a ver nas pálpebras aquela paixoneta
A lamber a rata daquela outra que nunca me olhou com olhos húmidos, enquanto a fodia, ou como
Imaginava que se fazia, também vais lá, e eu julgava que se referiam às torradas com leite achocolatado,
Ou porque tinha comprado um livro do Hemingway no hipermercado contra a vontade da minha mãe,
Que só considerava livros de verdade os manuais escolares, hoje pouco me interessam os anéis
De Saturno no chão em Chaves, mas ajudou-me perceber que há coisas piores que a morte e que há
Sempre uma porta aberta que fecha tudo para sempre, nunca chegaram a cair os sapos, engoli-os todos,
Depois deixei de sorrir pela luz e esmaguei a magnólia entre mais uma livro que nunca acabarei de ler,
A areia sacode-se, mas tem-se sempre vontade que anos mais tarde, se encontre alguma nos bolsos,
Como encontrar um pedaço da alma que lá ficou, onde se passou.

Turku

20.04.2013

João Bosco da Silva

Confissão Sem Pecados

Devo ter sido eu hoje, com mãos de cinco ou seis anos, uma curiosidade inocente na ponta da língua
Que não imaginava para badalar orgasmos, a abrir os grandes lábios pequenos e rechonchudos da prima
Mais ou menos pouco menos, da mesma idade, nem sei se fome, os interiores lugares que desconhecia
E os sonhos apenas ecos no escuro, com as sombras a tornar os casacos pendurados no fundo do quarto,
Homens sem pernas prontos a fazerem-me mal quando me absorvesse o divã, nem sabia que mal era o mal
Que me podiam fazer, a língua antes no lápis roído da menina filha da amiga da minha mãe, cujo pai
Morreu ou as abandonou, nem sei, a ausência a mesma nos olhos ainda inocentes, mas com vontade de lhe
Arrancar os lábios daquela carinha de olhos castanhos, a minha mãe a estranhar o meu gosto por bonecas,
Até me apanhar com uma dentro das cuecas com o cabelo loiro a escorrer de onde têm escorrido
E secado os momentos que me submetem, devo ter sido todo hoje, onde traria dentro tal perversidade,
A não ser que a perversidade toda ela em órgãos como ovários, com todo o futuro à espera da altura,
Uns poucos perdidos como na excitação que o cheiro a urina e merda e vício nas casas de banho públicas,
E o rolo de papel higiénico a ser desenrolado, rasgado na casa de banho das senhoras e eu a querer
Ter língua de papel higiénico, quando nem uma cerveja inteira aguentava, no tempo em que uma viagem
De quatro horas me parecia uma semana ao Sol dentro de uma quatro L branca, que cheiro é  este, e eu
A encolher as mãos e a pila tão menina, mijei no palheiro, e verdade, porque as hormonas não à altura
Da curiosidade inocente, ou eu hoje a fazer maldades ao garoto que me trouxe aqui, onde irei quando
Durmo, quando irei quando venço as insónias e os versos que teimam em não sujar os dedos que os engolem
Num vomitar arrependido, antes de tocarem os dentes, tornei-me passivo, castrado, por medo ao fogo do inferno
E às conas com os seus cheiros húmidos a vida, tive que perder a ilusão dos santos para poder
Voltar a ser livre como a criança que do nada inventou o cunnilingus, entre espigas de milho e palha e o bafo
Das vacas na parte da baixo do palheiro do avô, que também ainda vivo e com o cabelo mais cinzento do que o branco que o levou.

Turku

12.05.2013

João Bosco da Silva

quinta-feira, 16 de maio de 2013

DA ESCATOLOGIA


para o johnny bosch



Aqui está um rapaz que sabe

esperar pelo vazio, gerir o espaço

que fica depois de se vomitar,

com o escrúpulo dos deuses,

aquilo que tem de ser dito.



Montado na ténue folha dos

séculos, limita-se a imprimir

com força os dedos, o estômago,

o coração, as entranhas

que de tão estranhas a tudo isso

reagem adequadamente.



Deixai-o por isso prosperar,

progredir: a missa é a massa

que os seus olhos, claros como os

de um poeta, vêem, protestando

a aparência penteada do seu

símio parente:



este é o rapaz claro das noites brancas, e assim se faz à estrada.



Ricardo Marques

sexta-feira, 10 de maio de 2013




Refluxo Gastroesofágico

Tudo não passa de tentar tornar os muros dos meus avôs públicos, só porque me revoltam
Aquelas fontes nas capitais tão velhas como uma aldeia de peregrinos, as pedras tão gastas
Da curiosidade dos turistas e os muros dos meus avôs, dos seus pais a serem escondidos pela
Vergonha dos musgos e tento despir-me de tudo verde e só nos olhos a antítese dos musgos,
Dispo tudo com um fogo de chamas infernais, e no fundo com a inocência de quem esmaga
Grilos entre duas pedras lisas de xisto, a população toda de um lameiro, culpem o tédio, uma alma
Presa na camisa-de-força da doutrina de Domingo, quando as asas me pediam os dedos
Nas conas das catequistas, como o filho do cantoneiro, no palheiro do pai dela debaixo do
Reboque do tractor, e conspurquei-me com as fodas urbanas, os esguichos anónimos e apressados,
Sem acabar de tirar a camisa, molhada de prazer que não se consegue sentir pelo excesso de tudo
Menos do vinho da vinha do avô, também ele morto, na companhia do vazio do outro, também,
A ser esverdeado pela eternidade fora, enquanto eu conseguir imaginar uma eternidade fora,
Cá dentro, sentado no muro do lameiro grande, a ouvir as rãs do poço a fritar ao Sol, enquanto o meu avô
Esculpia da cortiça dois bois, e o outro armava laços aos javalis na vinha, e eu guardava anos dentro
Para os florir em pecado, tornar os muros anónimos em poemas que pelo menos levo dentro
E pisam comigo as calçadas das cidades antigas, das capitais de línguas desconhecidas,
Dos meus avôs, mais uns goles e isto vai lá, as mãos ainda latejam, o refluxo torna-se num
Vomitar contínuo, numa diarreia inversa, perde-se  o medo de perder e segue-se, esmagam-se
Um a um, os grilos, os pedaços de inocência levados pelo tédio, pela desilusão, pelos fungos
Que tornam os sonhos bolorentos até não se poderem comer mais, um beijo no pão e para o silvado,
Não se esquece, mas o mundo que se cria cá dentro tem o tamanho da nossa voz, avôs,
Tento gritar, mas a pipa, mesmo que seja a maior da terra, nunca será suficiente para
Aliviar a sede do mundo, os muros tão velhos, tão anónimos, só porque aí e até a cerca de arbustos
Daquela aldeia Massai, mais vista que estes muros, virgens comparando, onde atrás deles fodas tão
Inocentes, como o tédio que esmaga os grilos um a um e eu vendi a alma às cidades
Em troca de ejaculações quentes e inesperadas, sobre uma camisa à espera de versos
De vinho tinto e saudades e a puta da vida que vos acabou e me levam para lado nenhum,
Meto dois cartuchos, um será para assustar a morte e levantar os corvos dos castanheiros,
O outro será para ter sempre presente a esperança que só morrerá com a morte, até lá,
Gritarei pedras e esperma seco nos musgos, na manhã depois da festa do verão, meu vosso, nosso.


10.05.2013

Turku

João Bosco da Silva

Purga Na Interzone

Abro a porta da casa de banho e um miúdo está a foder um cu, com a cara de entusiasmo de quem
Está a mijar com alguém ao lado, era um cu, de resto adivinho a cabeça deitada sobre o autoclismo,
Olha-me e não me vê, fode e só sente o que não se sente, a ideia, devo ser eu, o fantasma translúcido
Daquele miúdo, a foder apaticamente uma cabeça de autoclismo, engole toda a merda, lava o esperma salpicado,
O entusiasmo perdido e eu como ele, não sinto nada, como não sinto nada ao ver o vizinho que nunca vi,
Pendurando presuntos pelo pescoço, ou quando os dedos num pulso não esperam mais o que é reservado a todos,
Amor, morte e fodas em casas de banho de bares, afinal não abri porta nenhuma, é um espelho de memória
A reflectir o ridículo sobre os meus cabelos brancos, hoje envelheço cem anos, sei disso porque
Não ando com relógio algum e conto as horas pelas vidas que trago dentro, presas apenas por um nome
E cujas células só são realmente as mesmas as que fodem sem qualquer entusiasmo, que tinham vergonha
De mijar ao lado dos amigos e foi-se, como o orgulho, foi-se tudo, , fecho a porta, viro as costas ao espelho
Sem esperança, encerrando em mim a possibilidade de todas as desilusões do mundo, livre, o miúdo
Não se vai vir, mas nunca esquecerei o que aquele autoclismo me disse, less is more, e a cor do cabelo daquele cu,
Na manhã seguinte tomará banho tentanto lavar os anos que lhe trazem cada vez mais ferrugem
Àquilo que nos faz sentir, abrirá uma porta na casa de banho de um bar e verá o seu reflexo a foder um cu  que diz, less is more.

Turku- Helsínquia

01.05.2013

João Bosco da Silva