domingo, 14 de abril de 2013

Jack Encontra-se Perdido Em Lado Nenhum

Sempre tiveste medo do amor como do ridículo, o nu público do coração e preferias o elástico partido à tensão incerta
E agora perdeste as palavras todas Jack, engoliste todos os desejos que te impunhas, só para
Cheirares tão mal como o mundo te cheira, nesse nariz demasiado santo e puramente niilista, tudo merda e mijo,
Agora não sabes onde escondeste a pele de lobo, na companhia das moscas, nem se ainda és capaz de beber o sangue
Doente dos vazio que enchias com a tua incerteza e insegurança, como se os dentes fossem
Uma âncora no barco à deriva que tu sempre foste, agora esperas que a maré suba
E que a água verde te encha desde o convés até ao limite do que aguentas, suportas, sem segredos,
Porque não tens um jovem numa jaula a procurar palavras por ti, nem ninguém para sujares, usaste-as todas,
Como os momentos que espremeste até deixarem de ser recordacões, mas saudades das
Noites libertinas, com o ar carregado de um suor de terra e mil orações antes do assassínio
De mais um dia, esqueceste-te de que o mundo te comerá se continuares a passar fome, os dentes gastam-se no vazio,
Se insitires em beber das miragens que só tu vês, rias-te dos felizes que enchiam a boca de areia,
De esperma seco dos outros nas fontes que julgavam puras, muitas vezes o teu próprio esperma
E rias-te, agora Jack, mais valia engolir-lhes a desilusão que te oferecem com a loucura com que sempre
Te dedicaste a rasgar a vida e as vidas, mas a verdade mata-se com palavras e tu acabaste com elas.

14.04.2013

Turku

João Bosco da Silva