terça-feira, 28 de maio de 2013


Marco Quilométrico

Expõem orgulhosamente nas varandas a arte da sua limpeza, tudo tão amarelo como o branco
Possível, às páginas tantas, parece sentir-se o cheiro a algo real, mas numa inalação mais apurada,
Não passam de palavras secas ao sol, até as moscas zombam da consistência de tais emoções,
Sentam-se com o tamanho dos seus óculos a ser o currículo daquilo que não viram além de umas
Páginas áridas, medidas e desmedidas até à exaustão da alma, sentam-se sobre as sombras que nunca
Reconheceram, feitos de luz, dizem, nós, donos da quilometragem entediante, da hipnose
Para a foda de misericórdia, porque eu sou as palavras que crio dentro, eu por outro lado, por dentro
Crio merda, esperma e um golden shower vitaminado para quem quiser fortalecer os sentidos
Da pele, aborrecida de tanto esperma cáustico e gorduroso, nem uma cerveja sabem beber, tão
Concentrados nas suas queimaduras interiores, imagino as sanitas deles cheias de papéis amassados,
De saliva frustrada, empurrando clisteres e engolindo laxantes em busca de uma depuração, lixívia,
Para os versos que sinceramente, preferia com uma coloniazita, algo que me desse ao menos uma caganeira,
Não só nojo de sebo e sebentas, ursos pelados a tentar vender o seu salmão, só espinhas, porque
Nunca o engordaram, nunca o deixaram engordar, já que só as lentes comem e comem e engordam.

Coimbra

28.05.2013

João Bosco da Silva