quarta-feira, 29 de maio de 2013


Pão Fresco

para a Diana,

Ela traz-me pão fresco da padaria do lado, o cheiro da manhã no cabelo e a frescura
Do orvalho de Junho preso aos lábios, ninguém me consegue matar a fome como ela faz
E basta-me um sorriso, a mais nutritiva de todas as luzes e que me desculpem as estrelas,
A semear esperanças no vazio, mas ela atravessa o chumbo que me tranca o coração
E o protege de todas as radiações amarelas e amizades de baixa frequência,
Tinha-se colado a agulha do contador Geiger, até que o Sol decidiu ser carne e doçura,
Do tamanho de um abraço, tão quente que me faz querer voltar a ser dentro, dela,
Pequenino, envolvido por uma luz líquida e murmúrios que ridicularizam a espuma das ondas
Do mar, que se afasta, se torna distância, ausência, quando as portas se fecham
E fica apenas o cheiro a pão fresco da padaria do lado, o cheiro da manhã uma recordação
Na almofada e o orvalho de Junho a secar no inferno árido que é a minha pele, quando o Sol
Se põe, e a saudade aparece de imediato, arrastando com ela correntes de incerteza e medo.

29.05.2013

Coimbra

João Bosco da Silva