sábado, 21 de junho de 2014

Caixa De Sapatos

Para quê falar quando está tudo dito, o melhor foi vivido e agora, aos poucos,
Consome-se a sua carcaça com uma desculpa de futuro, a esperança é a cobardia
Dos nostálgicos, é um medo que chamam de amor, quando já a paixão se foi,
Quando o desespero é grande, o dedo desconfia, e toma decisões pela
Fraqueza do cansaço, o chumbo torna-se no infinito ou o cheiro moribundo
E desconhecido de uma doença alheia torna-se na última fuga possível,
Tudo se torna claro perto do fim, e as certezas do engano ofuscam a cegueira
Deixando ver com lucidez os erros cometidos por própria culpa, os pecados
Consentidos por pouco amor próprio, trocado pelo agradecimento da infidelidade
Maior, não há pior prisão que a da loucura, ou ser o objecto de humilhação
De quem se vive mais que o próprio corpo, as madrugadas plantam a semente
Da solidão no dia por nascer, não vale a pena falar, está tudo dito, nada ouvido,
Venha o tempo e traga o esquecimento, a única cura, ou a morte.

Turku

21.06.2014


João Bosco da Silva

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