quinta-feira, 24 de abril de 2014

Todos Os Gatos

O gato está vivo ou morto, morto e vivo antes de se abrir a caixa, nunca morto-vivo,
Livre arbítrio, dizem, quando a escolha neste universo terá que ser a que foi feita, será feita,
Ou o universo seria outro e não este, o corte no dedo como tinha que ser e não a lâmina
Ao lado da dor e do sangue, os nascimentos e os tiros no escuro assassinos de nadas,
Toda a sorte e o infeliz azar, irmãos prováveis, copo meio cheio e meio vazio e a cicuta a descer,
Sempre tão mal recebidos os infortúnios, só há coisas que merecem um, só a mim, quando
Afinal, tudo a quem tinha que ser, um espelho contra espelho, com infinitos reflexos, todos
Diferentes, um corredor do comprimento que atribuem a deus, no entanto o nada é
Proporcional a tudo e a música é tão maior do que a distância física que de olhos fechados
Por dentro percorremos com pernas de ilusão, uma viagem sem se sair do mesmo crânio,
O gato roça na perna, tem fome, está vivo, aqui, mesmo não estando, o resto são gatos
E não gatos, vivos e mortos, numa dependência de olhos para decidir em que paralelo.

24-04-2014

Turku


João Bosco da Silva