quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Intersecionismo Com Esperma

“It´s okay, girl, we´ll
make it
Till the sun goes down forever
And untill then what you got
To lose
But losing? We´re fallen
Angels
Who didn´t believe
That nothing means nothing”

Jack Kerouac, Book Of Blues

Numa rua estreita e escura, encostando-a contra a igreja, num equilíbrio entre
As cuecas para o lado e o vestido levantado o suficiente para lhe encontrar
A rata humedecida com a vontade e dedos molhados num hálito de cerveja,
Enquanto tento encontrar-me dentro dela, impingindo-lhe a minha carne
Em pontas dos pés, ela meditando com a testa contra a parede sagrada,
Revejo aquela missa do galo em que Alberto Soares ficou fora, sinto uma revelação
Menos filosófica, mas uma iluminação maior, apesar do local não ser o melhor
Para grandes reflexões carnais, entro num templo mais sagrado e real,
Por ser difícil manter um ritmo meditativo capaz de levar pelo menos um
De nós à aparição, vamos até ao limite da luz eléctrica e depois de se ter
Ajoelhado no pó em oração, despertando-me de novo para a possessão,
Tira as cuecas, deito-a sobre uma fraga de granito com a força de Anteu,
O musgo seco pela canícula das tardes longas e os cristais de quartzo
Rasgam-me as mãos sob as sua nádegas, e ali fodemos como numa celebração
Pagã, numa união mística e inocente, ali mesmo apetece-me escrever um poema
Ao Miguel Torga, fodendo sobre uma fraga de granito, olho ambos os genitais
À luz da Lua, o meu engolido pelo dela, brilham e confunde-se nos aromas
Da noite de Verão, não existe qualquer tensão, pertencemos assim no momento,
A harmonia possível de um ritmo ébrio até à ejaculação, saio dela e verto
Sobre a fraga entre as suas pernas o esperma quente e fermentado
Pelo sagrado e o pagão, esperma puro de pecado e liberdade brindado com
Sorrisos inocentes e últimos beijos sem o peso da despedida até nunca.

11.09.2014

Turku

João Bosco da Silva