quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Rabo Enrolado (Ronco VII)

Um anti-Bandini, porque sempre preferi evitar a confissão,
Na casa dela, no Verão, com uma merenda de música da moda,
No quarto dela, um álbum atrás do outro, gostava de tudo
Com a mesma sinceridade da fome de um Bandini,
Mas ninguém se lançou às nádegas dela, hoje nem
As imagino, chupadas por um marido, uma filha,
Décadas, ficava a dormir naquelas manhãs de Verão
E não tinha dinheiro, nem idade para a piscina municipal,
Fiquei com o brinde dos livros grossos do Verão passado,
Ah, que bem, que gosta de Hemingway, até leu O Príncipe,
Agora está a levar os de Nietzsche um atrás do outro,
O sabor daquele grelo, mas só carne, este tesão,
Só carne, aquele amor, só desilusão, anti-Bandini
A caminho da bruskowskidão, tinha os dedos secos,
Tinha os lábios secos, olha, acabou a música.

19.02.2015

Turku


João Bosco da Silva

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