segunda-feira, 27 de julho de 2015

Arte De Ser Fodido


Já me foderam vezes que cheguem, tu sabes, acreditar na amizade de certa gente,
Acreditar na cona crua cheia de fominha, acreditar nos dentes desconfiados da confiança,
Nos copos cheios dos amigos vazios, nas manhãs de Sol que prometem dias longos,
Nos bagaços antes de dormir com o cheiro nos dedos por lavar, no estômago,
O meu e dos outros, nos olhos e na experiência, que nos diz sempre que não sabemos
Um caralho e é verdade, nem o caralho sabe bem a quantas anda depois de certa andança,
A pele apesar de cada vez mais enrugada, manchada, seca, habituando-se a eternidades
De terra nos olhos, cada vez mais à prova de dedos no cu com sorrisos amarelos nas beiças
E pior, nos olhos, aprende-se a ignorar a íris e a ler a pupila como quem olha a bóia enquanto
Pesca de cana, os olhos já não se enrugam por tudo e por nada, não se rasgam em cegueiras
Sinceras, não, chegaram as madrugadas infelizes a tentar roer raízes nos tascos da terra,
Nunca desças ao nível dos tristes que se alimentam da promessa de um ridículo maior,
Engole, engole, a garganta habitua-se depois de todas as fodas, de todos os ácidos
E venenos que engole, os piores são os dos melhores, mas a pele endurece,
Os anos não se esquecem, os dias prometem cada vez menos, cada vez pior,
Já me foderam vezes que cheguem, contudo, continuo vivo , não me falte saliva para aguentar.

27.07.2015

Turku


João Bosco da Silva

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