quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Hipercubo

Nos teus lábios todos os verões que não vivi, noutras décadas, noutros lugares,
Em tons pastel com garrafas de água verdes e outras sedes que nunca apaguei,
A tua voz muda nos ouvidos como nos sonhos, o teu cheiro a promessa de uma tempestade,
Eu sei, mesmo que os receptores opioides intocados pela tua pele dourada,
Um dia serão todos e tudo, a mancha de café sobre o poema que te escrevo de todas
As formas possíveis e nunca mancha, como eu todos os outros que se poderiam
Aproximar de ti, viver em ti, desaparecerem por ti, nesses verões que não vivi,
Nessas praias que quase visitei numa escala medida com sonhos e memórias primordiais,
O universo realmente não se joga aos dados, mas ao cara ou coroa, até ao infinito
E o resultado já estava decidido antes da mão, que nunca nos teus lábios quentes,
Da cor do algodão doce que toca na língua húmida de mais olhos que barriga,
Nos teus lábios todos os verões que não vivi, todas as promessas que não quebrei.

09.09.2015

Turku


João Bosco da Silva

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