sábado, 19 de setembro de 2015

Lapidação Dos Paralelos Da Rua Da Igreja

Nos meus dedos a urina contaminada das décadas entranha-se nas unhas
Que tudo prometeram e deixaram uma marca fina e breve,
Nos meus sonhos o esperma ingrato de todos os dias de almofada a almofada,
Agora esperam o reconhecimento nos reflexos das pupilas,
Esperam que cegos e mudos sejam o espelho da sua fome e não haverão cus
Suficientes para tanto talento, dos amigos, dos amigos, dos amigos,
Os dentes filtram os dejectos lentos das palavras que não se mostram,
Sorri-se num desespero de amanhecer, tudo gelado no fundo de cada inspiração,
As unhas, as unhas esquecidas de todas as profundidades inesperadas,
Inocentes de todos os pecados dos dedos, tecendo poemas em corpos
Monossilábicos, vertiginosos nos ângulos sinuosos das almas húmidas,
Que esperas da noite vazia, se não lhe dás oportunidade de arrefecer,
Nos meus olhos a desilusão prévia daquele corpo antes da palavra.

19.09.2015

Turku


João Bosco da Silva

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