quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Mega-Drive II

Sempre chegaste lá primeiro, lembro-me daquele tempo no natal, na missa do galo,
Quando eu julgava que nunca ninguém tinha chegado tão longe e que era impossível
Bater aquele boss, e tu me falavas que estavas dois níveis à frente e que o final
Era assim e assado e eu desiludido com a minha conquista medíocre,
Mas tu mais velho, tu maior, como daquela vez em que na festa da cidade
Em casa do nerd fracês dos computadores, engatei com o meu tijolo Ericsson a1018s
Uma das primas da capital com conversas obscenas aliviadas com muita punheta
Enquanto os foguetes iluminavam o céu do fim de junho e eu os lençóis alheios,
E ela convencida que era o teu número e mortinha para que lhe abrisses a boca da fome,
Quanta diferença faziam três ou quatro anos na altura, mas como, se eu sempre tive
O inferno cá dentro, apesar da destreza de dedos só mais tarde, venci tudo,
Salvei o mundo umas vezes valentes, salvei a minha filha, matei tudo o que tinha que ser
Eliminado, fodi mais do que tu no auge dos teus remorsos, contudo, morrerei
E ninguém ficará comigo como os que te levarão, não bem tu, mas mais do que
O que tento deixar em livros que ninguém lê, onde tu também estás, já te encontraste,
Existes mais do que aquilo que os que te odeiam sem razão, a vida tão estranha,
Não basta cima, baixo, esquerda, direita, a, start, e vamos para onde quisermos,
Estamos onde quisermos, voltámos para onde quisermos, nada disso, sempre em frente,
Fracassámos e não reiniciámos, continuámos, tudo só com uma vida,
Eu bem sei que seria atrás da garagem o reaparecer depois de morrer, agarrados à gaita.

29.09.2015

Turku


João Bosco da Silva

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