terça-feira, 6 de outubro de 2015

Fim do Verão - Haikus

A água da chuva
Evapora da rocha quente,
Eu também estou aqui.

Também se passa fome
Para se chegar
A um museu.

Queremos ser sagrados
Por isso vestimos
Palavras.

Enquanto o mundo passa
Nas minhas costas
Como-o um pouco mais.

Bebe, bebe amigo,
Que a sede é coisa
Da vida.

Enquanto o poeta não
Chega a Edo,
Constrói-se dentro.

Deitado na erva seca
A macieira arrancada
Permanece.

As pétalas rosadas
Escondem o fruto
Do suspiro.

O tamanho não corta
A intensidade, a faca
Corta tudo.

Sabes que a cerveja
Arrefece, como tudo bom,
Que esperas?

Na janela da casa abandonada
A teia de aranha
Espera um olhar.

No rio da infância, só
Na companhia das
Cobras curiosas.

08-10/2015

Finlândia

João Bosco da Silva