segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Cafés Dos Verões Abandonados

No fim, acabamos como aqueles cafés abandonados perto das pontes das estradas nacionais,
Com as janelas partidas, as portas arrancadas, um cemitério de cagalhões sepultados com
Pouco papel, umas cuecas, moscas secas presas a teias abandonadas, onde ecoam verões
Esquecidos nas paredes cobertas de poesia como muita e outras declarações desvanecidas,
Memórias de gritos de alegria e salpicos inocentes, malas térmicas infinitas, os primeiros
E últimos engates, as amizades que por preguiça se deixaram ficar a secar ao sol até que delas
Só o pó e a esmola de uma recordação, aqueles cafés pelas tardes adentro e madrugadas fora
Em tempos de outras inocências perdidas, agora como um preservativo usado e seco
Pelo sol e geadas, o coração vazio, onde ecoam os verões de peito cheio, no fim esperamos
Apenas a companhia de um alívio mundano, numa pressa seca, uma sacudidela, um espasmo
Que assuste os fantasmas dos dias que se apagaram todos na noite que se traz dentro.

23.11.2015

Turku


João Bosco da Silva