quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A Convergência Do Esquecimento

De um salto no mar do norte de queixo para a ferida definitiva na carne tenra,
Fui desaguar no teu rio na companhia das constelações de beatas que te têm
Poupado os suspiros e o batom dos lábios, que se lambeu entre uma sobremesa e um café
Numa tasca invadida por poetas num baile de máscaras qualquer, onde quem mais
Fala e mais alto, assegura o ritmo cardíaco nas pupilas enganadas,
Pergunto-me se algum dia acendeste algum tipo de saudade fina com o isqueiro
Que me roubaste ao desejo, sei-o sepultado numa gaveta na companhia de moedas
Inúteis de outros países, estrangeiros como eu, fui realmente um miúdo em Tóquio,
Não nessa da tua cidade onde não voltei a encontrar olhares púrpura por cima
De uma sede a fuga, e sem ter acendido sequer um cigarro, trouxe-te até mim,
Entre um sake e outro, e foste a certeza da queda no ar, a porta aberta na casa de banho
Naquela festa à luz das velas, à sombra da eternidade que se ficou para trás.

Turku


30.12.2015

João Bosco da Silva