sexta-feira, 28 de abril de 2017

Poeta Finlandesa

à Pauliina Haasjoki,

Depois de jantar tínhamos uma leitura de poesia, os pratos encheram-se duas vezes,
Carne, nem vê-la, depois é tão fácil um perder-se pelas ruas de Lisboa,
Tropeça-se numa cervejaria e o sabor da cerveja mais verdadeiro que qualquer poema,
Especialmente quando se respiram mortos iluminados por outras drogas,
A poeta finlandesa inclinada sobre o copo de cerveja como sobre uma flor,
Saltando de tema como um electrão excitado, fomos perdendo a linha do tempo,
E não se esperava que era de esperar que a leitura fosse encurtada para metade,
Quando chegamos já estavam no vinho e no bolo, o amigo poeta não nos censurou,
Mas via-se triste, a poeta finlandesa foi apresentada a grandes e a menores,
Medindo influências e outro contrabando, de fita métrica no bolso a tirar medida
A olho, ela mostrou-se imune ao brilho do vidro e do diamante,
O vestido dela esvoaçou quando lhe entregaram um copo de vinho verde,
Pensei que por virmos tarde já não tínhamos direito, os tugas cedem sempre a uma loira,
Aí sorriu-me como uma menina com um grande chupa-chupa na mão,
Nunca tendo lido dela um verso sequer, finalmente encontro uma poeta irmã.

28.04.2017

Turku


João Bosco da Silva

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