quinta-feira, 3 de maio de 2018

Haikus Romenos 

Sinaia 

Inspirar o verde 
profundo 
nas montanhas. 

Subir a montanha 
acompanhado 
pelo Sol. 

Novas folhas 
crescem -  
a Primavera acabará. 

Quanta cerveja 
é precisa 
para afogar um amor? 

Cospe-se sangue 
e espuma - 
vida no espelho. 

Janelas partidas -  
há muito 
se fechou a porta. 

Montanhas Bucegi 

Daqui o mundo 
é mais pequeno - 
do seu tamanho. 

Ficou guardado 
nos pinheiros 
o cheiro da infância. 

Tanto a aprender 
no silêncio 
dos líquenes. 

Regressar ao Inverno 
montanha 
acima. 

Filtrado pelos ramos 
o Sol 
chega gentilmente verde. 

Respira-se melhor 
quando o ar 
é rarefeito. 

Canta a ave 
e o vento 
pinta-se de frescura. 

Comboio 

Frango assado 
no ar da montanha - 
viagem no tempo. 

Vende-se - 
lê-se na casa 
arruinada. 

Estranha-se o silêncio 
dos pais 
no ruído dos filhos. 

Não há verde 
que lave 
o sonho de incêndio. 

A merda cheira mal 
em todas  
as estações. 

Bucareste 

Sabes-me  
ao que tive antes 
e era bom. 

Deixa-te disso -  
diz a inveja 
à felicidade. 

Roménia, Abril-Maio 2018 

João Bosco da Silva 

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