quinta-feira, 3 de maio de 2018

Pequenos Hotéis Arruinados 

Que tristeza devem sentir aqueles pequenos hotéis arruinados, 
Belos ainda, apesar da ruína e da reconquista verde, 
Com as janelas quebradas e as portas esventradas pelo esquecimento 
E outros náufragos de carne e osso, nem um eco nos corredores vazios, 
Só um gato vadio na varanda a fazer de vida, dando indiferente 
O único calor àquelas paredes marcadas como os anos marcam 
A beleza dos homens, as famílias nos fins-de-semana prolongados 
Outras ruínas que na solidão relembram aqueles dias quentes 
Antes do fim da última estação, os amantes já cansados há muito, 
Os amores fossilizados no que antecede o abandono da memória, 
A cozinha fria, dia após dia, acumulando folhas errantes, Outono após Outono,  
Que beleza triste a daqueles vazios que tanta vida albergaram. 

Sinaia 

30/04/2018 

João Bosco da Silva 

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