quinta-feira, 3 de maio de 2018

Que Se Foda 

Meio-dia e meio, cerveja na mesa, o mundo na rua lá fora se digere, 
Ignorando o sushi, a caminho do fim, como todos os pés passeio fora, 
Acelerador abaixo, comecei um livro do Bukowski, tão amargo 
Que tem sempre razão, não dá para olhar o mundo com um sorriso, 
Inspirar fundo rodeado por um cheiro a fossa com ar saudável, 
Cada vez menos sou capaz de tolerar olhares desconhecidos, 
Reduzi ao máximo a superfície de contacto entre o meu universo 
E os deles, a minha alma se preferirem, essa que facilmente vendi 
Num dia de São Patrício por um chapéu de feltro verde, 
Passei bem sem ela, mas uma noite mais tarde lá a recuperei 
De volta em troca duma cerveja, está Sol e parece que soltaram 
Uma avalanche de carne fresca, abatia tudo, não fossem os infernos 
Reservados além daquelas putas pupilas, mais vale isto, 
Uma cerveja antes da uma por cima do sake e do salmão, 
Duas moscas de bar de gerações diferentes e uma empregada 
Cuja cor dos olhos não vi sequer, pode arder o mundo lá fora 
Que não me levanto enquanto houver paz no copo. 

Turku 

11/04/2018 

João Bosco da Silva 

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