quarta-feira, 25 de julho de 2018

Quase Carta A Williams 

Seria possível nos dias de hoje a carta do AG ao William Carlos Williams, 
Hoje entre gatinhos, punhetas de dois minutos, minetes de bar, 
Cataclismos bíblicos de fim-de-semana, salvações de mundo porta a porta, 
Oscilações quânticas de orientações políticas, dentes do siso caducados, 
Eternidades fossilizadas na seiva das amizades dos dias de sol 
E outras merdas, claro que não, só há tomates nas pontinhas digitais, 
Incêndios verdes, como o escorrer de cera demasiado líquida 
Na cara de algumas japonesas de boas famílias, 
Isto agora, este lugar a que ainda se chama mundo, 
É apenas um armazém de carne por apodrecer, todos à espera 
Pelo brilho redentor durante dois ou três segundos depois da morte 
E o maior é aquele que brilhar mais tempo depois de se acabar o pio, 
Não compreendo essa revolta toda, disse-me um dia, 
Quem não me conhece de todo, confundindo um vulcão 
Com a desculpa de um cocktail molotov, ando farto de tanto nada 
A correr para as tripas da terra, ando cansado de tanto copo vazio 
Entre mais uma vida derrotada e uma morte que se andou a adiar, 
Peço desculpa pelo incómodo fico à espera da carta. 

24.07.2018 

Turku 

João Boco da Silva 

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