quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Hora de Almoço No Bótnia 

Tão familiar o tinir dos talheres, mesmo numa ilha do Bótnia, 
Onde também o abandono não esqueceu e a gente foi ficando, 
Erguendo museus vazios onde lares frios, nos jardins perdidos 
Ideias de cerejeiras em flor, onde noutros tempos famílias 
Sob suaves neves primaveris, a beleza da perdição está em 
Poder salvar do esquecimento com um pouco de imaginação 
E trazer todos os fins de verão na ponta dos dedos, 
O desânimo mostra as mãos cortadas pelas escamas dos peixes, 
Diz que curou a asma com dois gatos, um cão e solidão, 
Tem a casa à venda, porque em lado nenhum se vive só de verão 
Ou infância, especialmente em países de noites tão brancas como escuras, 
Investem-se décadas, os melhores anos, na beleza de ruas sem saída, 
Em todo lado se agarram à história quando o amanhã só cheira a esquecimento. 

Kaskinen 

04.08.2018 

João Bosco da Silva