sexta-feira, 18 de maio de 2018

Verde À Beira Rio 

Sentam-se à beira do rio, não sei se à espera que a noite chegue 
Ou que o dia dure, ao lado de latas e garrafas preparadas para fazer companhia 
Ou ajudar a tolerá-la, cada um com as chaves no bolso de uma casa vazia, 
A louça suja à espera em castelo, alguém cansado numa incomodada paz, 
Num sofá ou noutros braços, a fazer horas até que o cheiro de um, 
Dê espaço ao do outro, as bicicletas passam levantando no ar 
O aroma que dá cor ao tesão e cuequinhas húmidas, 
Nos dedos manchados com tinta preta, os olhos descansam do mundo, 
Descascam as dimensões que nos permitem, a prima afastada de Genghis Khan 
Sorri do outro lado da rua e as folhas brilham verdes ao Sol nórdico, 
Tudo iluminado e contudo, a caminho da noite e do esquecimento. 

Turku 

15.05.2018 

João Bosco da Silva