segunda-feira, 2 de julho de 2018

Frasco Com Água Verde 

Quem serás quando não sentires falta do ladrar dos cães à noite, 
Quando os grilos numa noite quente não te trouxerem de volta 
Aqueles Agostos estrelados de incerteza e fascínio, 
Quem serás quando os versos te deixarem de saber a uma brisa morna 
Em cima de um muro de pedra no tempo das cerejas, 
Quando conhecerem o teu nome e não o teu olhar de criança, 
Quem serás quando perderes a capacidade de encontrar 
Nos dias vazios, pedaços de desespero e com eles esculpir 
Algo belo ou grotesco, fedorento, mas vivo,  
Nunca esqueças a lição do frasco verde cheio de água  
Com um punhado de ervas, quanto mais mal cheirar, mais vida tem. 

Turku 

29.06.2018 

João Bosco da Silva