sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Casaco Castanho do Meu Pai 

Há semanas que não encontro lugar onde me sentar, 
Espaço onde cuspir as ruminâncias que me ajudam a engolir 
O Inverno quando não há lareira nem despojos de infância, 
Tento trazer o sabor dos pinhões ao verso, 
Mas na pinha só vejo a chama que já não me aquece, 
Só queria num momento o cheiro do casaco castanho do meu pai, 
Quando tudo era eterno e o tempo era mais um dia, 
Tenho fome, mas fome só do queijo com marmelada 
Que não voltarei a comer, não sei como cheguei aqui, 
Durar tanto para se chegar onde se não está,  
Como posso sentar-me agora e encontrar-me, 
Se não trouxe comigo o canto das andorinhas. 

Turku 

25.01.2019 

João Bosco da Silva

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