sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Incompleto 

É triste perder um amor, mas mais triste é perder a vontade de o foder, 
Olhar as luzes longínquas onde mora gente, se calhar desconhecidos 
Para sempre, ou com potêncial esmagador de certas aparições, 
E ter vontade de uma nova perdição, de uma tristeza aconchegante, 
Algo que quebre o silêncio da neve com uma dureza nocturna, 
Cada primeiro beijo é um Inverno por chegar,  
A textura quente da novidade gasta-se como um cheiro demasiado familiar, 
Resta apenas aquilo que realmente cansamos, nós mesmos, 
Numa moldura de um olhar novo, mas tão sempre iguais 
Ao medo de não nos reconhecer-mos nos primeiros espelhos, 
Tudo se torna numa repeticão onde se verte o futuro ora num vazio, 
Ora numa extensa esterilidade que rapidamente te pede que te varras todo, 
Como se o que antes se pedia nas entranhas, agora uma contaminação 
Repugnante numa pele mais pronta a um nome para esquecer. 

Turku 

11.01.2019 

João Bosco da Silva

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