domingo, 13 de janeiro de 2019

O Teu Sonho 

Voltei a não ganhar nada no loto, tu dizes que sonhaste comigo, 
Outra vez, parece que ambos ficamos longe de uma felicidade breve 
Ao lado da catástrofe, nunca nos encontramos na mesma noite, 
Nunca nos encontramos numa cidade real, algo familiar sempre, 
Como uma memória, como o desejo do teu corpo, tantos anos depois, 
Perguntando-me a que saberá agora, mesmo que nunca o tenha provado, 
Mas o mesmo encostado ao barco, o mesmo que encostaste à cama de hospital 
Vazia, no quarto quase vazio, onde apenas o eco de alguém que foi, 
Mas realmente já não está, não te toquei, tu sabias que não o faria, 
Sabes que depois de uns anos, é impossível regressar,  
Nada mais perigoso que reencontrar algo pela primeira vez, 
Uma cidade familiar, desconhecida, se calhar em Espanha, 
Uns minutos num hotel a tornar a eternidade em algo possível, outra vez, 
Sem esperar por outra vida, dizes que sonhaste comigo, 
Quem sou eu nos teus sonhos, deitei-te na cama desta vez? 

Turku 

13.01.2019 

João Bosco da Silva

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