segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Primeiro 

Acabamos sempre por secar, os anos passam e parece que só nos fica a solidão, 
Como se fosse o que nos mantem o nome colado aos ossos, 
A cor dos olhos aprende-se a esquecer como se as partidas fossem últimas, 
Nada mais cabe nos bolsos vazios, nada mais o vento traz depois de tanto inverno, 
Tudo seca, as palavras perdem peso e custam cada vez mais a engolir, 
Todos os sofás um refugio vazio como os sorrisos estranhos que se colecionam, 
Como carrinhos de brincar enferrujados em cima de um guarda-fatos inútil, 
Até as revistas de banda-desenhada perderam o cheiro às manhãs de junho, 
Fomos feitos para perder, como espécie, como alma, como tudo, 
Somos rios estéreis e fazemos da vida um mar deserto com esquecimento, 
Temos sempre tanto quando não precisamos e o abraço cai sempre ao lado da salvação. 

Turku 

06-01-2019 

João Bosco da Silva