quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Pai E Bashô 

Deixei com o meu pai um dos livros de viagens de Bashô, 
Li-o no autocarro de Lisboa a Mirandela, com o estômago vazio 
Depois de 5 horas no ar, visitando ecos de inferno de terra 
Em terra, inverno e ainda cheira ao verão de sempre, 
Espero que quando o estiver a ler e Bashô relate o frio ou a chuva, 
Pense nessa parte da viagem como algo distante, longe de mim, 
Por outro lado, quando for bem-recebido numa estalagem 
Ou encontrar a bondade de estranhos no caminho, espero que se lembre 
Que a minha vida tem sido uma constante viagem 
Com a qual não tem que se preocupar, no fundo, o que realmente quero 
É que depois de ler um dos haikus do diário, feche o livro e diga, 
Este gajo com pouco, dizia muito, pegue no gato ao colo, 
Puxe o boné para os olhos verdes e se sinta em paz junto à lareira. 

Lisboa-Helsínquia 

28.12.2017 

João Bosco da Silva 

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