domingo, 4 de fevereiro de 2024

 

Um Luar para que não Esqueças

 

Longe, um quarto vazio que não espera, visita os sonhos

Após dias vazios e longínquos, para que se trazem

Os mortos nos bolsos, não os outros, mas os que fomos

Morrendo, há alegrias simples, a acidez fresca

De um prato familiar, as geadas de granito,

O cinzento mar das montanhas do interior,

Tudo um sufoco de urze por florir, será que um dia

Teremos realmente o mesmo céu, como o mesmo medo,

Querem-se os joelhos mordidos pela palha dos palheiros

E as micas das fragas, querem-se os dentes afiados

Pelos tropeços nos intervalos, todos os segredos restantes

Uma gaita de foles vazia, hajam relâmpagos no fim do verão,

Um regresso para apalpar as uvas e as recordações,

Um luar de primavera para que não me esqueças.

 

Turku

 

03/02/2024

 

João Bosco da Silva