The One Who Never Missed A Plane Yet
Os que a tua mãe te
dá, também não fazem nada, vai perguntar ao homem da boquilha
Eterna e dos pequenos-almoços à base de Bloodymarys, quando
o tédio era grande
Até porrada dos Hells Angels servia, “there you stood on the
edge of your feather,
Expecting to fly”, quando o homem tem dois polegares numa
mão e uma loucura
Tão lúcida, torna-se difícil separar o mito do real, tiveste
que engolir a morte
Para te tornares num homem, até lá, foste uma viagem
alucinante, desbravando
Os limites do sonho e da narrativa que é onde esses moram, “just
another freak in a freak
Kingdom”, senhor doutor da tinta e da raiva, dissecaste o
podre com um bisturi
Ferrugento, até chegares à glândula suprarrenal do corpo
hipócrita da sociedade,
Quantos litros de adenocromo e ficção são precisos nos olhos
para se poder engolir
Este mundo de répteis canibais e chulos de brilho e
aparências, “buy the ticket,
Take the ride”, e esquece, no fim da corrida, se tiveres
sorte, serás uma náusea
De Ralph Steadman num dia de pó e bílis, o mundo todo é dos
morcegos, vampiros,
Não se pode parar, condenados alguns, “too weird to live,
too rare to die”,
À necessidade desesperada de procurar o fim do arco-íris, à
violência libertadora
Do despropósito, ao suicídio sem intensão de uma morte
permanente,
Vives nas noites alucinadas em que te revemos, te relemos,
te imitamos,
E tu sentado, no meio de lagartos e outros alienados, quase
acendes o cigarro
De uma loira qualquer enquanto te vês a ti próprio numa
possibilidade quântica,
Naquele espaço vazio dos sonhos, onde se apanha a U.S. Intersate 15.
01/08/2014
Turku
João Bosco da Silva