sexta-feira, 28 de janeiro de 2011



Putas e Cães


Se doer… vai ser pior


Que dizias tu Charles, sobre os homens que amam as “suas” mulheres?

Coitados! Só as mulheres desprezadas nos serão fiéis, só elas nos chuparão com vontade

E sinceridade e medo, porque não há nada mais sincero que o medo e tudo o resto

É uma mentira que tentaremos tornar mais aceitável, tornando tudo o resto mais baixo,

Arrancando a traição em mil noites desesperadas, sem amor em que cães se prendem

Na falta de esperança naquilo em que crescemos a acreditar: mentiras!

Somos apenas, basicamente, reduzidamente, verdadeiramente dois objectos,

Mórbidos, promíscuos e ninguém é pior do que ninguém, porque não há limite,

Para o amo-te com um pedaço de carne de um desconhecido entre os lábios

Que irão acariciar o filho da puta que um dia nascerá, que terá culpa,

Que terá uns cornos piores que o diabo, porque só o diabo estará livre da dor,

Com o seu coração em chamas, constantemente, a apagar o vazio eterno das putas,

Enquanto os cães ladram, enquanto os cães mordem a carne podre de todos,

Até que o amanhã nasça com a ilusão de se ter digerido mais uma mentira.

Venham elas, venham todas que eu farei tudo para merecer o inferno dos católicos,

Que eu farei tudo para te cuspir na cara com um sorriso, para te ejacular na amizade loira,

Para trazer comigo os aromas de quem mais odeias, ou desconheces, porque assim queres,

Assim cultivaste desde o início, desde que me olhaste com os teus olhos verdes,

Mentirosos, mas longe dos meus, longínquos, frios e sem medo de descer até ao fim,

Até ao limite de mim mesmo, trazendo comigo a peste e a perdição,

Para te oferecer, enquanto te digo que te amo e tenho pena da possibilidade

Dos nossos filhos, bastardos sem escolha, sejam quem for o pai, a mãe, a vida,

Sempre miserável, sempre solitária se não se ignorarem as mentiras das putas

E dos cães a ladrar, que nos dizem a verdade das noites sóbrias, das noites ébrias,

Longínquas, sempre perto, a sangrar, num coração negro que não deixa escorrer mais nada.

Esses dentes que não foram os meus, que não foram os que deixaram sair um amo-te rasgado,

Mas que te marcaram, te deixaram um nojo adiado que me viria a visitar, um nojo de ti,

Dos cães que me diziam a verdade, mas realmente, a carne nos meus dentes nem sei de quem é.

Mesmo assim prepara-te, prepara-te para o inferno que trago dentro de mim,

Prepara-te para os demónios que querem liberdade, que te querem devorar,

Que te querem cuspir no corpo nojento de pega dissimulada, daquelas que são pagas

Com a dor do atraiçoado. Não me conheces? Não, não trago a luz da manhã,

Trago o fogo da noite e tu irás arder com todos os pecados que conquistei, até a hora da tua morte,

Nem que os cães ladrem e as putas sejam perdoadas pelas escolhas que tomaram na vida.

Ámen.



28.01.2011



João Bosco da Silva