Também Pensei Em Ti No Vietname
Deixa-te ficar sossegada na tua ausência, não faças muito barulho
Para não afugentares a ilusão na qual te tornaste,
O que havia de mim para te dar, acabou antes de poder abrir as mãos,
Não sei se foi a garrafa de champanhe, se a mensagem da barba,
Quando a invasão francesa chegou, só veio enterrar a baioneta
No peito que já agonizava, temos sobrevivo de distância,
Nada alimenta impossíveis como a distância,
No entanto sinto que quase estivemos demasiado próximos,
Não sei se, entretanto, encontraste o tal amante que precisavas,
Ou a vontade te pedia, porque sempre precisamos de uma violência
Na doçura, morder os lábios da vida de vez em quando,
O Outono chega e sabes o quanto isso me custa,
Tudo me lembra o teu cabelo, as allstar sujas e o ranger
Do soalho sob os teus passos esfíngicos, não incomodes
O vazio que levei anos a domar, aceitar o nada como certeza.
Turku
10.09.2019
João Bosco da Silva