Pai E Bashô
Deixei com o meu pai um dos livros de viagens de Bashô,
Li-o no autocarro de Lisboa a Mirandela, com o estômago vazio
Depois de 5 horas no ar, visitando ecos de inferno de terra
Em terra, inverno e ainda cheira ao verão de sempre,
Espero que quando o estiver a ler e Bashô relate o frio ou a chuva,
Pense nessa parte da viagem como algo distante, longe de mim,
Por outro lado, quando for bem-recebido numa estalagem
Ou encontrar a bondade de estranhos no caminho, espero que se lembre
Que a minha vida tem sido uma constante viagem
Com a qual não tem que se preocupar, no fundo, o que realmente quero
É que depois de ler um dos haikus do diário, feche o livro e diga,
Este gajo com pouco, dizia muito, pegue no gato ao colo,
Puxe o boné para os olhos verdes e se sinta em paz junto à lareira.
Lisboa-Helsínquia
28.12.2017
João Bosco da Silva
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