domingo, 8 de agosto de 2021

 

Cagar

 

Estou tão aborrecido que me sento na sanita sem vontade de cagar,

Tenho ao menos o papel higiénico ao meu lado e uma caneta na ideia,

Seja como for, já estava a pensar em merda, não há que admirar

Que já tenham publicações até 2099, ou que o vírus, esse bicho

Minúsculo de costas largas, até nos livros se tenha metido,

Infelizmente, a merda dos amigos ainda se tolera, eu até compreendo,

Continuo sentado, não espero nada, ao menos em sete,

Tive duas respostas, nunca tive talento, só o hábito e a necessidade,

Lamber botas nunca me caiu na língua, agora sem juventude, não há promessas,

As nádegas dormentes talvez, se calhar um peido, só o aborrecimento é certo.

 

Turku

 

03.08.2021

 

João Bosco da Silva

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

 

Deixar de Ser

 

Para DK,

 

Anoitece tão rápido, ainda agora gozava o sol da tua juventude

Numa varanda em Guimarães e já as primeiras folhas amarelas

No chão a plantar melancolias e paixões sem retorno,

Mal começou Agosto e tudo em nós uma distância de décadas,

Um abraço ao colo, num pôr-do-sol patchouli e salgado,

Quando a noite era esperada com a alegria da juventude

E os dias frios, nunca existiam antes das primeiras geadas.

 

Turku

 

02.08.2021

 

João Bosco da Silva