domingo, 12 de dezembro de 2010


Desespero
Sem amigos, sem sonhos, com tristes memórias dos dias doces
E quentes e música a piorar tudo, porque tudo igual, menos o que devia
E uma dor que não havia.
Nada interessa na madrugada dos dedos doentes, das lágrimas secas e inúteis,
Formigas negras que se arrancam dos olhos e nem primos, os antigos da infância.
Promete-se um poema comprido, longo, aborrecido para os olhos da maioria,
Um ser cansado após as horas da meia-noite, algo que não tem utilidade,
Neste mundo de engrenagens, nesta máquina infernal para o nada.
Nem uns dedos a humedecer no corpo de alguém que até interessa
Para fora, mas só o interior, condenados ao interior inacessível.
Quantos poetas sem razão de ser a estas horas,
Mortos e vivos em páginas e páginas... morreu Rimbaud?
Do que servem as experiências se não há eternidade?
Meu deus, que quase me peco com o desespero de encontrar algo fácil!


12.12.2010

Torre de Dona Chama

João Bosco da Silva