A Origem De Uma Estrela De Neutrões
Torna-se difícil respirar quando tanta ausência ao mesmo tempo aperta o que já cansaço,
Pior quando se assiste aos joelhos da multidão em vénias ao ridículo, exaltando o fútil,
Vontade de ser almofada o dia fora, até se escoarem todas as frustrações em sonhos
Que o resto, quando acordados, são impossíveis e cães abandonados porque cresceram,
Envelheceram e dá pena abatê-los, a dignidade é algo que fica muito caro neste mundo.
São as sete, está escuro e não interessa, são as sete, o rádio parece ter-se resignado
Ao resto dos joelhos e torna-se em mão no ombro a, ajoelha-te, cabeça baixa,
Há quem durma e há quem não acorde nunca mais, invejam-se os que não tiveram
Que ser a ilusão de tudo em menos de uma centena de anos, bem menos,
Menos que tudo, umas mãos com vontade de levar tudo, deve ser do vazio no infinito
E passa-se lá tanto tempo, mas ninguém passa lá tempo nenhum, ninguém é além
Do momento consciente, nada mais que a pele que outro pouco mais que nada beija,
Dão-se existência em carne, o sangue pulsante crepita na memória acesa enquanto
Não vier o sono sem sonhos e até lá todo o tempo nos é permitido, arrastados
Alguns levam o cansaço, o fumo ajuda os pulmões que os olhos cegaram, outros
São tão joelhos, tão bocas de fome e barrigas cheias, uma pressa de estrela cadente.
23.10.2011
Turku
João Bosco da Silva