domingo, 31 de dezembro de 2023


Glórias Paralelas

 

Ah, a glória do que quase foi cometido,

Nesta fria manhã do último sol do ano,

Na companhia silenciosa de um café,

A glória daquele quase passo em frente

Antes de virar costas para nunca mais,

A resposta que se deu em palavras ditas

E não apenas no ruminar da almofada,

Todos os beijos, sim, todos os quase beijos

Que ofuscam a verdade dos que cederam

À coragem, ao salto no vazio, todos os poemas

Que ficaram no espaço entre os que foram escritos,

Os dentes em todos os pescoços

Naquelas fragrantes boleias de Junho,

Aquele último cartucho do avô morto,

Guardado para um irreversível mau momento,

Em vez de no ar de uma noite desesperada,

A abrir eternidades em direção às estrelas geadas.

 

31/12/2023

 

Turku

 

João Bosco da Silva