domingo, 2 de julho de 2023


Symi

 

No mar o meu sangue

no meu sangue

o mar.

 

Põe-se o sol

elevam-se

as promessas de sonho.

 

Quanto mais tempo

ficares no paraíso

pior será o acordar.

 

 

Ovos estrelados e bacon

acompanhados

de um gato.

 

A caminho do templo

merda de burro

e turistas.

 

Depois de foder

mergulhar num mar

da mesma cor.

 

Os teus olhos fechados

contra a almofada —

mergulho na frescura.

 

No cimento fresco

os passos duram mais

que a sua pressa.

 

Esta sombra fresca

os figos esmagados

na terra.

 

Vêm e vão os barcos

na memória —

de quais amigos?

 

Chama-me o mar

ao sonho

e à perdição.

 

Onde dormita uma gata

e o seu gatinho

marcham galinha e pintainhos.

 

Encostada

à tumba de Nireu

uma ovelha morta.

 

Symi, Junho 2023

 

João Bosco da Silva