quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

 

Delírios pós-Moderna

 

Naquele quarto das vergonhas, em casa da avó, nos anos noventa,

Com a montanha onde o Sol se esconde no horizonte de testemunha,

Todos os aviões perdidos, preso num lugar como no passado,

Contigo, o meu desejo à primeira vista, na cama voltada para a janela,

Elevo-te as pernas, puxo-te as calças de yoga até meio das coxas

E enquanto me sorris, entro em ti, ouço então o pinchavelho da porta

Que se abre e logo uma procissão de recriminações bípedes,

Menos aquele colega que migrou para a Lapónia, vestido

Com um fato-macaco cor-de-laranja, finalmente conseguiste bandido,

Merda, estou num sonho, vou acordar longe, continuarás apenas um desejo.

 

Turku

 

13-01-2022

 

João Bosco da Silva