domingo, 8 de setembro de 2019



E Agora, Bandini? Haikus 

Folhas de carvalho 
desenhadas no papel -  
distância. 

Feitas de palavras 
voam as borboletas -  
sorri a mãe. 

Onde encontraste 
essa vontade de perder 
ó cansaço. 

Arrefece 
o amor -  
andorinhas em Setembro. 

Cheira-me a nevoeiro 
o teu olhar 
distante. 

Como o ar de chumbo 
o meu amor -  
tempestade de verão. 

Não há distância 
mais longa 
do que aqui ao lado. 

Dentro do carro 
e delas -  
chuva de Primavera. 

No ar de Julho 
o teu pescoço -  
cheiro a livro novo. 

À primeira gota 
de chuva 
esconde-se o gato. 

Que bela esta noite -  
desaparece meu esperma 
na tua boca. 

Borboleta conhecerás tu 
o desespero do ar 
antes da tempestade? 

Bloco de notas 
no bolso -  
nunca só. 

Hoje venho-me 
dentro -  
arroz de cabidela. 

Certas recordações 
quentes -  
rebuçado de limão. 

À beira rio me Julho 
cheira-me 
a virilhas adolescentes. 

Erva fresca cortada 
cheira aos amores 
que já secaram. 

Tanto grilo 
e tão pouca 
estrela. 

Onde se esconderam 
os bichos 
da infância. 

Dez quilómetros 
por searas -  
nem um gafanhoto. 

Kyoto tão próximo -  
mais um ano 
sonhando lanternas. 

De que servirá 
tanto verde 
quando ausentes? 

Fiéis à rainha 
as abelhas pousam 
em qualquer flor. 

Planear a viagem 
que nunca farás -  
este amor. 

Saco de merda 
de cão no chão -  
a humanidade. 

Derreteram os sinos 
na guerra - 
dobra a carne. 

Na dança do trigo 
maduro 
teu corpo jovem. 

Camomilas ao vento 
no chão 
merda de coelho. 



Turku, Primavera-Verão 2019 

João Bosco da Silva