quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Longa a Viagem quando nos Esperam - Haikus 

Os pinheiros 
que restaram 
pálidos de medo. 

Lá longe 
coze o bacalhau - 
Anoitece. 

Fim de Dezembro 
e ainda ouço 
o vento de Outono. 

O ar frio 
ainda se lembra 
do Inferno passado. 

Nada mais resta 
que durar a viagem - 
um haiku. 

Alimentam-se de vazios 
para o salto - 
respirar. 

Cada um ouve 
uma música diferente -  
vomita-se em Babel. 

Tantas luzes 
na cidade - 
olhares apagados. 

O que o Sol 
tocou 
a chuva agora lava. 

Caminho sob a chuva - 
que secura 
levo dentro. 

Esquece 
como o gato 
à lareira. 

Entra sem medo 
de teres 
que sair de casa. 

O sabor fresco 
daquele 
novo olhar. 

Lisboa-Porto-Torre de Dona Chama 

Dezembro 2017 

João Bosco da Silva 

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